Os "gays" e as doações de sangue

É, sem dúvida, uma das notícias da semana! O Ministério da Saúde proibiu os homossexuais de sexo masculino de doarem sangue. Tendo como objectivo eliminar dadores de sangue com potenciais comportamentos de risco, o gabinete de Ana Jorge justifica esta decisão tendo como base "termos objectivos e cientificamente comprovados". Esta entidade acrescenta ainda que, segundo a resolução do Conselho da Europa, se deve dar "supremacia à protecção dos doentes que recebem sangue relativamente à vontade de qualquer pessoa em doar sangue".
Por outro lado, o gabinete da ministra recusa as acusações de "discriminação" da parte do "movimento" SOS Racismo e defende-se, argumentando que homossexuais de sexo feminino poderão doar sangue sem quaisquer restrições.
Ao autorizar "lésbicas" a fazer doações pretende-se mostrar que esta não é uma questão de "combate" à homossexualidade, mas sim de proteger os doentes de possívelmente contrairem outros tipos de doenças. Os "gays" ficam, desta forma, excluídos do lote de doadores! Mas até que ponto tudo isto terá fundamento?
Será que os "gays" têm a indicação de que o são no B.I./ Cartão de Cidadão? Ou será que lhes está "escrito" na testa um letreiro do género "sou gay"? Será, ainda, que já é possível identificar homossexuais com base em algum teste, em alguma metodologia? Ou terão os médicos, enfermeiros e técnicos de saúde que fazer perguntas do género: "É paneleiro? Desculpe... gay?"
Centrando, e bem (porque é um dado adquirido), as atenções em elevadas taxas de transmissão de doenças graves através de transfusões de sangue, o Ministério decidiu tomar esta decisão. Mas serão apenas os homosexuais o único grupo de risco neste caso? O que dizer, por exemplo, de toxicodependentes e homicidas (ou outro tipo de criminosos)? Não terão as mulheres homossexuais igualmente um comportamento de risco? O que diferencia "gays" e "lésbicas" para além do sexo? E até que ponto não terão também os heterossexuais comportamentos de risco?
Esta não é, pois, uma questão de ser "pró" ou "contra" a homossexualidade ou os homossexuais em si, mas sim a tentativa (e fico-me apenas por isso) de entender esta polémica decisão do Ministério da Saúde! Até porque é, sem dúvida, uma questão de Saúde Pública!